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A especialidade médica cirurgia plástica, que exige mais seis anos de estudos após a formatura, nas últimas décadas ficou mais conhecida socialmente como se fosse somente “estética”, englobando lipoaspiração/lipoenxertia/lipoescultura ou outras denominações do mesmo procedimento, aumento/redução e pexia de mamas, abdominoplastias, lipoabdominoplastias-LD-MD-HD, rinoplastias/rinoseptoplastias, ritidoplastias/blefaroplastias (cirurgia facial), orelhas de abano, genitália feminina, preenchimentos, peelings, botox, entre outras.

Este, no entanto, é apenas um nicho da especialidade, que representa em torno de 20% dos procedimentos.

A verdadeira cirurgia plástica, na sua nascente, é de cirurgias “reconstrutivas”, mais difíceis de realizar, com 80% dos casos operados, em que o cirurgião plástico aprende os caminhos para executar seus atos fundamentais que carrearão seus conhecimentos futuros e qualidade do trabalho, aplicando-os nas “estéticas”, embora tudo seja estético/anatômico.

São inúmeras a patologias e diagnósticos em que as cirurgias reconstrutivas atuam. Podemos citar câncer avançado de pele, incluindo invasão de tecidos profundos e ossos, traumas de mão, traumas e fraturas da face, feridas complexas traumáticas ou não, exposições ósseas pós traumas, escaras de decúbito em paralisias, reconstrução de mamas pós-mastectomias por câncer, microcirurgias de nervos periféricos, paralisia facial, transferência micro cirúrgica de tecidos vascularizados contendo pele, gordura, fáscias, músculos, ossos ou todo o conjunto para reparar grandes perdas, reimplantes de mão, pé, pênis, transplante de face, doenças congênitas, tais como fissuras lábio-palatinas, crânio-faciais, mãos e genitálias, queimaduras e suas sequelas retráteis, cicatrizes, reconstrução de orelhas, nariz, mandíbula, maxila, lábios, radiodermites.

Todos estes importantes procedimentos, com impacto fundamental na saúde das pessoas, não tem o glamour das cirurgias estéticas, por isso, aparecem pouco para a população.

As cirurgias reconstrutivas não são de natureza simples e exigem, na maioria das vezes, equipes multiprofissionais especializadas, hospital equipado, anestesia precisa e segura, cuidados específicos de enfermagem e participação de outros especialistas para buscar-se o resultado esperado.

São José do Rio Preto é centro de referência em cirurgias reconstrutivas desde seu primeiro cirurgião plástico, Dr. Melchiades Cardoso de Oliveira, pós-graduado em cirurgia reparadora em Baltimore (EUA), e que chegou a Rio Preto em 1950 na condição de primeiro cirurgião plástico brasileiro a trabalhar no interior.

Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Dr. Mlchiades foi apaixonado pelos procedimentos reparadores, comandou inúmeras jornadas e o XII Congresso Brasileiro, em Rio Preto (1975), criou a Revista Brasileira de Cirurgia Plástica e foi co-autor e incentivador de dois livros desta modalidade redigidos aqui. Tive a honra de trabalhar ao seu lado durante 25 anos.

O Hospital de Base FAMERP/FUNFARME tem a incumbência de seguir neste caminho, atendendo toda nossa comunidade regional e nacional através do Serviço de Cirurgia Plástica, com uma equipe de 20 cirurgiões e realizando mais de 2.000 cirurgias por ano.

Prof. Dr. Antonio Roberto Bozola, cirurgião plástico e regente do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital de Base de Rio Preto.